25 de março de 2014

Café com ventania

Era outono, as folhas caíam do lado de fora e fingiam dançar. Por vezes, paravam sobre o paletó de um ou outro passante, brincando de viajar no ombro de alguém. Ou ficavam a voar, assim, por metros, o que fosse, apostando corrida umas com as outras. Em um momento, entretanto, um vento forte veio, jogando-as todas de forma desordenada, provocando um alvoroço só.

Uma moça passava, viu papéis voando. A pasta se espatifando no chão. Era um temporal de ventania, enquanto choviam folhas. Amarelas, verdes e laranjas. Formavam um verdadeiro espetáculo, enquanto a iam espantando, assim, aos poucos. A mulher não se sabia se recolhia aquele bando de papel ou fugia. Com os cabelos ao vento, via todas as folhas de sua pasta se juntando àquelas outras verdes e amarelas, sem entender muito bem o que ocorria. Tratava-se de uma intervenção.
O vento soprou mais forte. Formou-se um redemoinho, que ia levando-a, levando-a, até que! Parou, assim, brusco, e ela pairou desnorteada sobre o chão. Os sapatos espalhados pouco longe dali. A pasta já tinha se perdido em algum lugar da rua. Ela só se preocupou em colocar os sapatos e, zonza, já nem se lembrava para onde iria. Pois ela entrou num café, desorientada.

Da janela, um homem de paletó olhava a cena, rindo-se inteiro. Ela o viu e o encarou, não estava nada feliz. Ele, por outro lado, convidou-a para sentar e ofereceu um café. Tratava-se do Outono, que acabara de chegar. E junto com as folhas que caíam, um novo tempo se iniciava. Ela comeu um biscoito, tomou sua bebida quente, retirou o cachecol e relaxou. Ali fora, as folhas ainda dançavam. 

1 comentários:

Anônimo disse...

pretty nice blog, following :)

Postar um comentário