Era outono, as folhas caíam do lado de fora e fingiam
dançar. Por vezes, paravam sobre o paletó de um ou outro passante, brincando de
viajar no ombro de alguém. Ou ficavam a voar, assim, por metros, o que fosse,
apostando corrida umas com as outras. Em um momento, entretanto, um vento forte
veio, jogando-as todas de forma desordenada, provocando um alvoroço só.
Uma moça passava, viu papéis voando. A pasta se
espatifando no chão. Era um temporal de ventania, enquanto choviam folhas. Amarelas,
verdes e laranjas. Formavam um verdadeiro espetáculo, enquanto a iam
espantando, assim, aos poucos. A mulher não se sabia se recolhia aquele bando
de papel ou fugia. Com os cabelos ao vento, via todas as folhas de sua pasta se
juntando àquelas outras verdes e amarelas, sem entender muito bem o que ocorria.
Tratava-se de uma intervenção.
O vento soprou mais forte. Formou-se um redemoinho, que
ia levando-a, levando-a, até que! Parou, assim, brusco, e ela pairou
desnorteada sobre o chão. Os sapatos espalhados pouco longe dali. A pasta já
tinha se perdido em algum lugar da rua. Ela só se preocupou em colocar os
sapatos e, zonza, já nem se lembrava para onde iria. Pois ela entrou num café,
desorientada.
Da janela, um homem de paletó olhava a cena, rindo-se
inteiro. Ela o viu e o encarou, não estava nada feliz. Ele, por outro lado,
convidou-a para sentar e ofereceu um café. Tratava-se do Outono, que acabara de
chegar. E junto com as folhas que caíam, um novo tempo se iniciava. Ela comeu
um biscoito, tomou sua bebida quente, retirou o cachecol e relaxou. Ali fora,
as folhas ainda dançavam.
1 comentários:
pretty nice blog, following :)
Postar um comentário