A mãe um dia lhe disse para que
nunca atravessasse a ponte. O garoto, curioso, sentava-se sobre o chão de terra
e encarava o ferro revestido em madeira. Enquanto imaginava, via aquela mistura
de preto, ferrugem e marrom. O caminho parecia ir até bem mais longe,
aparentando levar para um lugar tão distante e diferente... Um reino, ele
pensava. Cheio de duendes e fadas. Devia ser uma floresta! Mas tudo o que via
eram arbustos. É secreto, explicava para si mesmo. É só andar três passos,
fechar os olhos, e já estava na floresta encantada. Lá todos tinham nomes
diferentes e orelhas pontudas para ouvirem melhor.
Numa noite em que a lua ocupou
mais espaço do que deveria, resolveu atravessá-la. O vento soprava na direção
oposta, avisando-o de que era melhor se sentar e continuar apenas a olhar. Mas
o menino não era desses que entendia as entrelinhas. Não acreditava muito em
destino, em sinais celestes. Sua crença estava mesmo era nas fadas... E
imaginando aquele lugar tão diferente, colocou um pé após o outro, devagar. A
madeira parecia ceder a cada passo, afundar alguns centímetros. Brincava com os
sapatos, como em jogos de vídeo game, quando o chão sempre resolvia cair e o
personagem era obrigado a pular e pular...
Até que o herói caía, mas sempre
havia uma vida nova. A música sinalizava o fim, que logo revelava um novo
início. E o pequeno continuava, enquanto alguém o controlava lá de longe.
Chegava, então, o game over. Mas onde estava o novo início? Era só começar tudo
de novo, ora. E alguém apertava o restart.
Agora: passos e passos, o barulho de
madeira velha, de filme de terror. É o caminho desafiador, o menino pensava. Depois
que passa, vem o conto de fadas. Mas a perna prendeu em um buraco. Tentou sair,
não conseguiu. Pediu ajuda aos duendes, aos cavalos falantes e às fadas. Fechou
o olho uma, duas, algumas vezes para tentar ver a floresta encantada.
Tudo o que viu foi um poço infinito.
3 comentários:
Bella sempre maravilhosa <3
*-*
Ficou demais Isabella!
Postar um comentário