30 de dezembro de 2011

Um brinde a nós dois

              É difícil pensar nas passagens de ano. Cinco anos beijando a mesma pessoa à meia noite. Desejando a nossa felicidade eterna. Almejando o amor que perduraria o infinito. Que ultrapassaria o tempo. E agora, eu, na véspera do último dia do ano que chega ao fim, penso em meu destino. Seria a praia, assistindo aos fogos de artifício? Ou talvez uma festa. Quem sabe conquistaria alguém para beijar à meia noite... O problema é a existência de uma superstição que alega que o nosso ano será da mesma maneira que a passagem. Não quero ficar com desconhecidas em 2012. Sabe bem que nunca fui assim. Talvez permanecesse em casa, assistindo a um filme com pipoca. Mas é solitário demais e sempre tive medo da solidão.
               Diante de todas as opções que não chegam nem perto a preencher uma mão, acabo pensando em você. Levar flores, talvez. Orquídeas, as suas favoritas. Aí poderíamos comprar uma garrafa de vinho e brindar à desconhecida possibilidade. À segunda chance. Ficaríamos com aquele jeito romântico nos olhares. Os sorrisos provocativos. A saudade em tudo.
               Pego o celular e no calor do momento, disco o seu número. O mesmo que liguei durante todas as noites de nosso relacionamento, para checar se estava bem. O meu segundo telefone durante cinco anos. Aquele que qualquer um ligaria caso não me encontrasse em casa.
               Caixa de mensagem.
               Deixo um recado. Imagino qual seria o seu destino. Teria viajado? Com quem? E a dúvida permanece, porque não recebo resposta. Penso em você com outro, em um hotel de rico, brindando com o champanhe mais caro. Dor no peito. Outras possibilidades mais aceitáveis. Uma viagem com amigas. Ou apenas uma visita rotineira aos pais. Lembrei-me por um momento o quanto me odiavam.
               Talvez o próximo ano fosse destinado às dúvidas. Porque ao soar 00:01, só pude pensar em nós dois. Questionar sobre o nosso amor e tudo o que passamos juntos. Duvidar sobre a possibilidade de um recomeço. E quase responder com a ideia de um fim. Mas não respondo, porque prefiro o privilégio da dúvida. E aí brindo sozinho. Um gesto com a taça que encosta o ar. Fogos de artifício ilustram a televisão. Copacabana. E o desejo. Que 2012 fosse um ano de esperanças para nós dois.

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