11 de agosto de 2011

O homem sem nome


            Revirou. Casca, copo, garrafa, lata e coisa estragada. Jogou tudo para o lado, sem se preocupar muito com a sujeira que causava. O conteúdo do saco encontrava-se espalhado no chão e era explorado pouco a pouco. O indigente tentava achar dali algum alimento. Qualquer coisa.
            Suas mãos estavam sujas de material orgânico não classificado. Pretas. Era assim que podiam ser descritas. Tanta sujeira que já nem era possível distinguir pele de lixo. Achou um biscoito e colocou na boca com uma rapidez absurda. Olhou para os lados, como se tivesse medo que alguém avançasse em sua direção. Não encontrou ninguém que oferecesse perigo. Pegou outro. Lixo e biscoito misturados na boca. Mastigou rápido. Engoliu. O gosto não lhe importava. Amargo, era essa a sua definição. Não se sabia ao certo, porém, se a amargura devia-se ao sabor propriamente dito ou era influenciada por aquele estilo de vida. Talvez ambos.
            Seus pés, descalços, pisavam em restos de comida. Pisavam em material que ninguém queria. Em coisa que qualquer um preferia nem olhar ou cheirar. Ele cheirava, olhava, pisava e comia. 

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