20 de agosto de 2011

O último toque

Ele lhe estendeu a mão frágil. Lutava contra a sua própria fraqueza que parecia tentar convencê-lo de que já era hora de ir. Ela segurou com um aperto delicado. Agia como se tivesse medo que a pele do amado se fragmentasse. Tentou manter as lágrimas para si, mas essas eram tão numerosas, que guardá-las era perigoso ao ponto de gerar uma explosão.
O homem tentou murmurar alguma coisa, mas a fala era inaudível. Sua energia já não conseguia sustentar nem mesmo um breve grunhido. Ela se aproximou e com grande esforço, conseguiu distinguir as vogais.
 Eu a...o ...o...ê.
 Também te amo, meu amor.
Ela não suportou. As lágrimas caíram e fechou os olhos para tentar impedi-las. Após um tempo, abriu-os e gotas de desespero escorreram por seu rosto. Ele soltou-se do aperto fraco da amada e passou os dedos em seu rosto. Tentava, mesmo que com muito esforço, enxugá-las.
Ela sorriu, tentando mostrar que tudo estava bem. O sorriso foi o sinal necessário para que ele pudesse descansar em paz. Fechou os olhos e não respondeu a mais nada. Os aparelhos e a mulher gritando foram o alarme que trouxe o médico responsável ao quarto. Já não havia mais o que fazer.

0 comentários:

Postar um comentário