19 de janeiro de 2011

Cabeleireiros

ㅤㅤㅤEu tenho uma coisa com cabeleireiros. Não desvalorizo a profissão, só para deixar claro, mas não consigo gostar dela. É tão estressante ter que passar duas horas em frente a um espelho e ao mesmo tempo escutar as conversas mais supérfluas possíveis! Não dá, entende?
ㅤㅤㅤHoje mesmo fui ao salão, e tive que me segurar para não espancar a uma das profissionais lá presentes. Ela lavou meu cabelo, e enquanto o lavava, disse em uma voz super fina – aquela voz meiga que parece mais falsa do que boazinha:
ㅤㅤㅤ“Você vai passar um bom tempo aqui hoje, hihi.”
ㅤㅤㅤEu ia naquele salão desde criança, acabei sumindo, e naquele dia resolvi voltar para concertar a merda que uma cabeleireira qualquer tinha feito nos meus cabelos. Acontece que como vou lá desde pequena, ela já sabia que odiava cabeleireiros, então disse isso para me provocar. Ou foi isso o que pareceu.
ㅤㅤㅤDe qualquer forma, depois de lavar o cabelo com ela, fui fazer o tratamento com o cabeleireiro em si. Ele é até legal, porque fica quieto (eu amo quando eles ficam quietos, porque normalmente esse tipo de gente tem certa inclinação a se intrometer na vida dos clientes). Mas acontece que ele demorava demais!
ㅤㅤㅤQuero dizer, eu não sou muito impaciente assim. Só um pouco. Mas quando um cabeleireiro começa a falar sobre férias e te deixa lá plantada ouvindo o assunto, você tem um motivo para reclamar, certo? Eu acho que sim, pelo menos.
ㅤㅤㅤE foi exatamente isso o que ele fez. Parou de mexer no meu cabelo, e começou a falar um papo super cabeça sobre as praias da região dos lagos enquanto eu olhava para o relógio e me perguntava se daria ou não tempo de pegar as lojas do centro abertas.
ㅤㅤㅤMas ele não terminou o tratamento, quem me dera! Quem teve que passar a chapinha (o tratamento tinha chapinha no meio, e eu odeio chapinha), foi a mesma mulher que havia lavado o meu cabelo.
ㅤㅤㅤDessa vez ela ficou relativamente quieta, mas esse “relativamente” não bastou, porque sério, descobri que aquela mulher era super ignorada no salão. As cabeleireiras e manicures estavam filosofando sobre a novela das oito, e vez ou outra a mulher que estava me atendendo soltava uns comentários aleatórios, só que todo mundo ignorava. E o mais engraçado é que ela soltava a mesma risadinha que soltou para mim quando disse que eu ia ficar muito tempo por ali.
ㅤㅤㅤO pior de tudo é que ela continuou fazendo os comentários aleatórios. Teve uma hora que eu me segurei para não soltar o grito que meus pensamentos soltavam na minha cabeça. “Porra, mulher! Não vê que você é uma velha quarentona sem marido (ela não tinha aliança) e chata?! Muda de atitude, ou vai ficar soltando comentários aleatórios em um salão de quinta categoria durante a sua vida inteira!” Mas ao invés disso eu respirei fundo, e me concentrei a olhar o ponteiro do relógio passar com uma lentidão absurda.
ㅤㅤㅤQuando acabou eu mal acreditei. Tive vontade de sair saltitando, mas aí eu recebi a notícia que teria que voltar no dia seguinte para lavar, e ao invés de saltitar, tive o impulso de meter a cabeça na parede.

0 comentários:

Postar um comentário