5 de janeiro de 2010

Sonho de voar


A menina tinha um sonho dela que não compartilhava com ninguém. Mas também, com que ousaria compartilhar? Com o gado de sua fazenda ou com as galinhas do galinheiro do vizinho? Não havia quem a escutasse, já que seu pai, tão ocupado, mal lhe prestava atenção. E diante de tal anonimato, a garota entregava-se a seus sonhos infantis que lhe seguiam durante toda a infância.

Ela queria voar.

Voar, só isso, e nada mais. Olhava para o céu, via aquelas nuvens e imediatamente se imaginava lá em cima, atravessando uma por uma e encarando o mundo com uma superioridade visível.

Ela queria ser um pássaro, pois se admirava com aquela arte que parecia tão longe. Voar, voar, voar! Haveria coisa melhor? Não, não, não! Com certeza não.

Pegou o velho guarda chuva de seu pai escondida, já que estava ciente de que se fizesse na vista do velho seria fonte da atenção que nunca lhe era cabida. E lá estava ela, em pleno campo aberto olhando para o céu e esperando que a brisa lhe levasse.

O guarda chuva encontrava-se em suas mãos firmes e seus olhos procuravam pelos ventos que finalmente poderiam fazê-la voar.

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