27 de novembro de 2009

Prisão paralela

Eu nunca pensei que não morreria. Porque, cara... Era o vigésimo andar! Como não morri? Queria tanto, mas tanto ter morrido. Faria de tudo para morrer, mas no estado em que me encontrava até mesmo executar tal ação era impossível.

Estava em coma. Segundo meus estudos, coma é um estado em que você praticamente vegeta. Mas eu não estou vegetando e realmente gostaria de estar.

Encontrava-me no mesmo mundo paralelo há três anos tentando achar um modo de sair. As criaturas que habitavam esse meu novo mundo não podiam me matar, mas podiam pouco a pouco tirar minha sanidade.

E era justamente isso o que está acontecendo.

Fazia exatamente duas horas que sentia não sair do mesmo lugar. Tentava mudar de direção, mas isso em nada adiantava. Sempre via a maldita árvore na minha frente à cerca de três metros de mim e tentava andar, mas nada muda.

E aí algo pior aconteceu. O maldito anjo novamente apareceu. Eu não sabia o seu nome, mas havia carinhosamente apelidado-o de Demônio, apesar de estar ciente de que era um anjo. O anjo que sempre imaginei não era daquele tipo e isso me assustava.

Esse tinha asas negras, usava roupas cinzas e possuía cabelos negros e olhos profundos. De início não pensei que era um anjo, na realidade, a possibilidade nem sequer passou por minha cabeça, No entanto, depois de algum tempo, me mostrou com seu talento sobrenatural de comunicação e enlouquecimento alheio de que era enviado para me guiar.

Mas eu não me sentia guiado. Não mesmo.

Só me sentia cada vez mais perdido e a aparição do anjo só fazia com que essa minha impressão tornasse-se ainda mais concreta. Por impulso, tentei fugir, mas assim como a árvore não saia do mesmo lugar, o anjo também não.

E aí ele inclinou sua mão para me tocar e eu novamente me vi dentro de um mundo de escuridão que o anjo achava ser a luz.

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