O menino apenas sorriu diante da frase da menina. Como ficaria bravo se esta não pudesse sair ao anoitecer? Acontecia, acontecia. Uma hora podia ser ela e na outra ele próprio.
— Não há problema algum, amor.
A fala saiu carinhosa e o brilho no olhar que Sammy sempre exibia quando estava a alguns metros de distância da menina comprovava que não era falsa, mas sim composta da mais natural e pura verdade.
Alice estranhou a fala do namorado e pensou em questionar, mas não o fez. O namoro ainda estava no início e lembrava-se perfeitamente dos seus anteriores. Mil maravilhas no início, mas aos poucos a sensação flutuante logo se transformava no mais horripilante fardo e a única saída era a de terminar com tudo, desistir ou a palavra que fosse melhor no momento.
A garota havia aceitado a proposta apenas por não agüentar mais ser a pessoa que estava sendo. Ficando com todos e não sentindo nada por ninguém. Mas como poderia? Com tantos relacionamentos fracassados, não havia esperança que agüentasse. E ali estava ela, em outro. Mas havia esperança? Não, nenhuma.
— Bom, então nos vemos amanhã na escola, certo? — Alice disse depois de uma pausa momentânea.
— Claro — Sammy disse sorrindo — Amanhã está ótimo. Te amo.
Ele se levantou e deu um beijo na face que chegava a ser quase transparente de tão branca da menina. Dirigiu a ela um último olhar adorador, colocou a mochila nos ombros e pôs-se a andar na direção da saída da escola e a menina ficou apenas a observá-lo sem conseguir responder ao tão natural “Te amo”. Por que é assim que é. Quando se tem alguém para nos amar, não damos valor, mas quando não temos é tudo o que queremos. Interessante, não? Pois é, digo interessante para não dizer outra coisa.
0 comentários:
Postar um comentário