20 de outubro de 2009

À falecida Norah

Norah, meu amor


Os dias já não são os mesmos sem você. Já não consigo mais escrever! Pareço um homem desalmado que não consegue mais viver. Pode parecer exagero de minha parte e até um pouco deprimente, mas pelo que não se entristeça. Descanse em paz e ignore o egoísmo que ainda me ocupa de forma vergonhosa.
Só quero reviver memórias.
Acho que é a explicação mais digerível para o ato de escrever para alguém que já não existe mais.
Oh, Norah, de novo não! Me recuso a aceitar essa minha aceitação precoce de sua ausência.
E acho que é justamente por isso que lhe escrevo essa carta.
Rezar para a sua alma só confirmaria meu desespero por tê-la de volta. Algo impossível, se pensar bem,mas compreensível.
Escrever-lhe esta carta vai ressuscitar o velho hábito de lhe escrever quando você não estava presente. Isso pode tornar a realidade de minha perda menos verdadeira.
Vai ver só estou enlouquecendo.
Escrever para os mortos! Deus, o que estou fazendo?!
Tentando dizer o que não disse.
É isso e mais nada. Ignore todas as minhas voltas anteriores. Como sempre, eu só estava enrolando. A velha mania de falar, falar e não dizer nada. É, velhos hábitos não morrem cedo.
Naquelas tardes de outono, eu lhe olhava de maneira rude, ignorando a forma como seus olhos imploravam por amor. Ignorância jovem. Desculpe-me por tantas manifestações desta burrice eufeminada.
O que quero dizer, é que você foi única. Nunca lhe disse o que de fato sentia, mas tento, através desta carta, dizer isso agora. Estou conseguindo? Não? Já é tão tarde assim?
Tarde ou não vou lhe dizer.
Porque como muitos dizem, antes tarde do que nunca.
Te amei como jamais amei a mim mesmo. Te quis ao ponto de isolá-la do mundo e guardá-la perto de mim. Admirei a ponto de ter vergonha de mim mesmo quando involuntariamente me comparava a você. E me perdi a ponto de pensar horas e horas nos momentos lindos que passei.
Fecho agora meu coração para nunca mais o abrir.
Porque, amor, te amo tanto a ponto de só querer você aqui e a mais ninguém.
Com todo o amor que nunca mostrei,

James

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