5 de outubro de 2012

A onda e a verdade


Lá longe, a terra ia sumindo. As ondas pareciam se acalmar pouco a pouco, como se tivessem era medo da civilização. Alguns peixes surgiam, andavam em bando e formavam um cardume colorido, desses que a gente olha e não quer parar de ver. Saíram rápido do alcance da lancha, deixando para trás algumas muitas bolhas que desapareceram junto com a espuma da água.
            O garoto acelerava, desejando mesmo era sumir de perto da terra. Sempre foi apaixonado pelo mar. Iludia-se, na infância, com a possibilidade de um tesouro. Talvez até pudesse encontrar um navio mágico! Ou ir em busca da ilha desconhecida... Agora cresceu e com isso acabou deixando de sonhar. Porém, o vício com aquele azul transparente não acabou. Pareceu crescer cada vez mais. O barulho das ondas era como terapia. E fechava os olhos. Esquecia tudo. Abria os braços e pensava no amor não descoberto. Abraçava o vento e consolava-se com a companhia da brisa.
            E ele questionou, num dia desses, o porquê de a vida ser tão mais difícil do outro lado. Quis ser peixe. Quis ser mar. Quis mesmo foi se desorientar da verdade. Ou desorientar a própria verdade. Talvez assim tudo mudasse. E aí não precisaria ir atrás do que não sabia. Poderia permanecer em terra firme, sem aquele vício do azul transparente. Mas percebeu que não seria o mesmo. Porque a verdade só podia mesmo se desorientar quando estava tonta diante de todas aquelas ondas todas. 
            A verdade devia fugir de si mesma no mar. 

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