Lá longe, a terra ia sumindo. As ondas pareciam se
acalmar pouco a pouco, como se tivessem era medo da civilização. Alguns peixes
surgiam, andavam em bando e formavam um cardume colorido, desses que a gente
olha e não quer parar de ver. Saíram rápido do alcance da lancha, deixando para
trás algumas muitas bolhas que desapareceram junto com a espuma da água.
E ele questionou, num dia desses, o
porquê de a vida ser tão mais difícil do outro lado. Quis ser peixe. Quis ser
mar. Quis mesmo foi se desorientar da verdade. Ou desorientar a própria
verdade. Talvez assim tudo mudasse. E aí não precisaria ir atrás do que não
sabia. Poderia permanecer em terra firme, sem aquele vício do azul transparente.
Mas percebeu que não seria o mesmo. Porque a verdade só podia mesmo se
desorientar quando estava tonta diante de todas aquelas ondas todas.
A verdade devia fugir de si mesma no
mar.
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