13 de setembro de 2012

A pena


Eu quero ter o controle do tempo nas mãos. Pegar uma ampulheta e levar na mochila. Um relógio também. Até o sol. Ou as estrelas. Qualquer coisa que me faça ter esse domínio.
            A minha vida jamais foi tão desregrada.

            Me desafiaram a ser poeta. Achei irônico fazerem esse convite a alguém que sempre gostou de escrever. Mas fiquei feliz. Seria bom sentir esse cheiro de inusitado. Do desafio que chega, se acomoda e cativa. Esse presente imprevisto que nos faz pensar.
            Ver com olhos livres, como diria Oswald. Um olhar que liberta os horizontes. 
            Quero colocar as mãos na pena novamente. Depois acariciar o rosto com ela e quando quase adormecer, borrar o papel com os meus sonhos incompletos.
            Talvez até começar um livro. O primeiro capítulo. O parágrafo inicial. E que essas linhas tragam uma surpresa e superem as expectativas. Vamos preencher essas folhas com sorrisos, apenas. E com eles arrancar tudo do outro, como o amor.
            Nada mais importa.

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