19 de julho de 2011

Aquela que não deseja mais o amor

Não tenho pudores. Cansei desse teatro todo há muito, desde que recebi um não pela última vez. A partir daí tenho me entregado à selvageria. Essa vontade que todo humano tem, mas prefere não ter e não sei bem o porquê. Afinal de contas, se todos têm, para que esconder? Fica aqui então a minha rotina.
            Durante as noites, freqüento aos bares de melhor qualidade durante certo período de sobriedade e de condição monetária. O tempo passa, as bebidas acabam e o dinheiro e a sanidade também. Aí sigo sem rumo, na direção de um desses botecos meia boca que minha mãe me ensinou a nunca frequentar. Já não lembro mais nem quem sou, quanto mais dos ensinamentos da pobre velha.
            No final acabo me entregando a um cara que conheci. Ressalto que tenho o mínimo de exigência e não me sujeito a qualquer um. Na verdade, na maioria das vezes me saio bem. A questão é que a sorte não bate sempre na minha porta. Em meu celular, números e mais números de homens sem nomes ocupam a lista de contatos. Nunca ligo para nenhum. Já passei desse tempo.
O troço todo é que minha rotina sem fim tem um motivo e esse não se deve ao fato de eu não ter respeito por mim mesma. Na verdade tenho, tanto que possuo o mínimo de decência. A questão é que cansei de esperar por amores que nunca vêm.
Meu coração está despedaçado. Não ligo mais. A noite é longa, as garrafas de bebida ainda estão cheias e os homens estão de matar.

1 comentários:

Gi Zamai disse...

Há momentos na vida em que não damos mais importância a todos os princípios que nos ensinaram. Batemos de frente com a solidão e como alternativa, fingimos ser felizes e despreocupadas. Texto marcante.
Quero lhe indicar um blog, com um texto muito interessante, creio que vc vai gostar, passa lá!

http://danzamai.blogspot.com/2011/07/inversao-de-conceitos.html#comment-form

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