30 de outubro de 2010

Em uma data qualquer de um futuro impreciso

Segundo muitos estudiosos, que mais tarde se tornariam verdadeiros profetas, haveria um tempo em que vários recursos naturais como água e combustível se esgotariam. De fato, houve esse tempo, mas nenhum estudioso imaginou que a situação fosse se tornar tão insuportável.

Foi a época em que o ser humano deixou toda a razão de lado e voltou no tempo em que os humanos juntavam-se aos animais pela busca pelo alimento.

As cidades ficaram em ruínas, já que o cuidado pela moradia já não era nem um pouco necessário. As fábricas foram abandonadas. Os humanos defendiam as terras disponíveis, que eram poucas, para conseguir algum alimento. A água era mais cara do que o ouro, e o ouro em si, nem existia mais.

As pessoas falavam-se apenas para negociação, não havia mais filhos, já que tê-los era a mesma coisa que assinar um contrato de falência. O mundo em si era dominado por idosos que tentavam, a todo custo, sobreviver.

Os animais eram poucos e os poucos que ainda existiam, acabavam a cada dia mais. A busca pelo alimento era tão complexa que os humanos tiveram que voltar ao tempo da caça e da comida crua.

Afinal, se não havia nenhum tipo de combustível, como haveria energia? Às vezes até acendiam fogo para fazer o alimento, mas o mundo era tão traiçoeiro que o luxo de permanecer em um lugar, esperando que o alimento ficasse comestível, era raro. O risco de um roubo era alto demais.

Os humanos nem sequer sabiam mais como ler ou escrever. Os livros tinham páginas velhas e esquecidas.

Um deles estava aberto, em cima de uma mesa de uma das bibliotecas esquecidas, e um humano raro, ainda dotado do dom do conhecimento, escreveu:

“Houve um tempo em que a mudança era possível. Mas também houve um tempo que o egoísmo prevaleceu.”

Fechou o livro, sem esperança de que aquelas frases fossem ser lidas um dia. Na verdade, estava sem esperança de nada. O tempo de ter esse sentimento já havia passado, há muito.

Deitou-se no chão, e assim como muitos outros, tentou dormir, para esquecer a fome e a sede que sentia.

1 comentários:

Yon disse...

Nossa! Tomara que esse tempo nunca chegue, emobra não seja imossível.
Belo texto,

Abraços...

Yon

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