20 de outubro de 2010

Como se não houvesse um final

Há situações que são realmente complicadas. Quando eu falo que a coisa está complicada, quer dizer que está muito ruim, insuportável e outras coisas mais.

Acho que isso já aconteceu com todo mundo. Se não foi a mesma coisa, me aventuro dizer que parecido. Você alguma vez já se encontrou em algum tipo de palestra extremamente chata, em que a situação está tão preta que a única opção é sair correndo ou morrer?

Eu já. Diversas vezes, devo dizer.

No entanto, na maior parte das vezes que vivenciei essa situação eu dormi. Sabe como é, auditório lotado, cadeira confortável... Uma coisa vai levando a outra, e... Só o sono resolve, mesmo.

Nessa última, não havia tal possibilidade. Primeiro porque eu me encontrava na frente e segundo porque não havia uma necessidade de dormir. Eu não estava com sono. Só não estava gostando da palestra.

Deve estar difícil de entender meu raciocino. Peço que me perdoem, ainda estou um pouco atordoada por causa do desastre, saí faz uma hora. Vou tentar me explicar mais.

Tem horas em que as opiniões se desviam muito. Foi o caso dessa palestra. Além de o palestrante ser horrível, já que ele não tinha a mínima presença de palco ou carisma, sua opinião também não me agradava nem um pouco.

Acontece que na primeira meia hora dá para agüentar. Já quando o relógio bate uma hora e meia o estado começa a ficar crítico. É nessa hora que tudo acontece. A impaciência atinge o limite, a dor de cabeça começa a surgir, a fome se desperta e para completar, há também a vontade de ir ao banheiro. A velha e clássica vontade de ir ao banheiro.

Nesse momento o relógio começa a andar cada vez mais lento, como se estivesse pregando uma peça com o meu desespero. O palestrante fica ainda mais chato e começa a fazer piadinhas com a possibilidade de só sair no dia seguinte. No fim das contas não sei se aquilo é vida real ou um pesadelo. Tento me beliscar, mas o homem continua ali, e ali, e ali...

A coisa nunca parece chegar ao fim. O homem parece nunca terminar de falar. E para piorar as coisas... As pessoas perguntam!

Isso é uma coisa que eu não entendo. Juro, eu gosto de palestra quando elas são boas. Mas cara, eu olhava para o lado e boa parte da platéia estava entediada. Dava para perceber pelas conversas paralelas, o roer de unhas e o balançar frenético das pernas.

Então por que outras pessoas perguntam?

Acho que é uma espécie de complô, sabe? O palestrante deve subornar certas pessoas antes da palestra para que esta realizasse alguma pergunta.

Ele responde com a maior calma, rindo, feliz, com a sua vida babaca e infeliz. É nessa hora que seu sorriso passa a ser convidativo para receber um soco. Eu começo a imaginar como seria quebrar aqueles dentes e...

E finalmente é nessa hora, em que a loucura parece próxima e a sanidade longe, que a palestra finalmente termina. Levanto-me rápido e vou em direção à saída com uma agilidade que eu nunca julgaria ter.

1 comentários:

Yon disse...

Por muito menos eu teria ido embora logo no início! Vc foi realmente uma heroína...Parabéns por ter ficado até o final e parabéns pelo texto!

http://yon-sopalavras.blogspot.com/

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