Lunna o observava de longe, notando cada detalhe de seu corpo escultural, cada linha, cada ponto... Tudo, tudo, tudo! Ele era de uma perfeição que a garota não conseguia entender nem mesmo depois de morta. Passara sua vida inteira observando-o dos bastidores e agora realizava o mesmo passatempo.
Não podia se controlar.
Ele era um sonho que não podia realizar, ainda mais agora que estava morta. Meu Deus, morrera sem se declarar! Matava-se internamente a cada vez que pensava naquilo.
No entanto, não se entregou a uma série de lamentações como sempre fazia, já que algo inesperado aconteceu. Algo que a garota não podia permitir nunca, algo que se acontecesse se mataria não só internamente, mas também de todas as formas possíveis.
Carter estava morrendo... Lunna conseguia ver o destino das pessoas e via claramente que o único do rapaz era a morte. Estava prestes a acontecer. Sessenta segundos, no máximo, era esse o tempo de vida que o rapaz tinha.
Ah, mas ela iria prolongar aquela linha da vida, nem que fosse a última coisa que fizesse.
Aproximou-se até estar a uma distância perigosa do rapaz, milímetros, para detalhar mais. Com aquela distância poderia revelar-se, algo inconcebível na eternidade. Porém, Lunna não se importava com lei alguma naquele momento. Só queria salvá-lo do que quer que o ameaçasse.
Os segundos se passaram e nada de mau se revelou. O garoto continuava em sua paz solitária, lendo o romance que havia pegado emprestado da biblioteca. E Lunna, por sua vez, relaxou. Não devia ser nada, apenas seu sensor de perigo estragado...
Entretanto, relaxou a tal ponto que se esqueceu de concentrar. Os mortos normalmente conseguiam se focar em diversas coisas, mas Lunna jogou a sua atenção para apenas uma pessoa: Carter. Aliviou-se até o ponto que não se lembrou de se manter concentrada em sua invisibilidade.
E o resultado de tal descuido foi a revelação, a pior violação da eternidade.
Antes que pudesse desfazer, Carter já olhava para ela com a boca entreaberta e os olhos mostrando um choque tremendo. O rapaz não pôde dizer nem sequer uma palavra, já que de forma extremamente mágica para qualquer olho humano, começou a desintegrar no ar até que o lugar onde antes ocupava ficasse completamente vazio.
— Não! — Lunna exclamou em um tom que qualquer humano pudesse escutar. Não pôde evitar, seu amor havia ido embora. — Não, não, não!
Mas as palavras de nada adiantariam, já que tal morte era apenas a conseqüência de seu erro de revelação.
Eram dois mundos diferentes, o dos vivos e o dos mortos que não podiam se misturar. O romance poderia ser apenas na imaginação como sempre costumou ser na mente de Lunna, tanto quanto viva e tanto quanto morta.
1 comentários:
rsrs gostei..
abraco..
estou te seguindo.. se puder..
http://diariod1solteiro.blogspot.com/
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