15 de dezembro de 2009

Promessas

Ele tinha a infantilidade de reclamar e prometer coisas que não podia. Com o tempo ela foi se cansando e o rapaz percebeu isso somente nos finalmentes, quando já era tarde demais para mudar.

Ela tinha uma de suas malas em uma das mãos e exibia o mesmo ar impecável e o equilíbrio de sempre. Era isso nela o que o mais encantava e ao mesmo tempo o irritava. Fleur era tão... madura. E ele era apenas um rapazote que não chegava aos seus pés. Sentia-se oprimido, era essa a mais pura verdade.

E era justamente essa opressão que fazia com que a olhasse de forma inerte, sem reação. Não sabia o que fazer. A amava, mas era visível que Fleur não sentia o mesmo.

— Não vai dizer nada, Eric? — Fleur perguntou de forma raivosa, mas tentando esconder isso por baixo da fala calma e da expressão forçada.

E ele acordou. Percebeu que era a hora. Precisava reverter aquilo, mas como, como, como?! Vinha somente o arrependimento e nada de respostas. Nada de soluções. Nada! Nada que pudesse fazê-lo tê-la de volta.

— É... È realmente o fim? Não faz isso comigo, Fleur! Eu te amo. — a frase soou como se uma criança fizesse uma declaração de amor e não um executivo de trinta anos.

Ela soltou uma risada amarga que o fez se despedaçar por dentro. Devia saber, seu sonho não duraria por muito tempo. Sempre estragava tudo, nunca conseguia manter as coisas em ordem.

— Eu prometo tentar melhorar! — exclamou enquanto se levantava e andava na direção de sua mulher — A gente se casou! Nos amamos, vale a pena tentar de novo, não vale?

Ele a segurou de forma delicada, colocando o dedo indicador sob seu queixo e o levantando em direção ao seu. Exatamente como fizera no primeiro beijo... Ah, o primeiro beijo!

A segunda frase era até aceitável, mas a primeira a anulou. Fleur simplesmente não agüentava mais escutar a palavra “prometo”. Lhe trazia trauma do curto casamento de dois anos e até mesmo de sua infância.

Prometo, prometo, prometo, prometo! Por que não aboliam logo aquela palavra do dicionário? Servia apenas para levantar falsas esperanças, falsos sonhos... Falsos... Apenas falsidades, nada mais do que isso.

Ela se afastou de forma brusca, contendo as lágrimas que ameaçavam sair. Pensara que pudesse até ter um sucesso naquela última conversa, mas pelo visto não haveria vitória alguma.

Ele era Eric, afinal. O menino de trinta anos que só prometia e nada cumpria. Não podia esperar muita mudança de alguém como ele, podia?

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