Máscara

Submisso. Era essa a melhor palavra que o definia. Sammy tinha um jeito um tanto quieto e tímido com os amigos, mas essa sua quietude ficava ainda mais notável quando se tratava de interagir com seu pai. O menino não conseguia expressar seu ponto de vista, apenas concordava com o que seu pai dizia sem se preocupar com seus próprios pensamentos.
Estranho, não?
Para Sammy não era. Crescera com o hábito de obedecer a tudo e a moldar seu ponto de vista de acordo com o do pai. Na verdade, tudo o que fazia era criar uma máscara qeua pouco a pouco tornava-se mais fácil de ser quebrada. Não é difícil de entender, até. Ninguém pode mentir para sempre.
— Vai querer ser médico mesmo, filhão? — perguntou seu pai em um dos típicos almoços familiares.
Sam olhou para baixo em resposta. Parecia que o pai tinha de sociável tudo o que o filho tinha de timidez. Jake era um médico exemplar, do tipo elogiado por qualquer crítica. Possuía argumentos fortes e um linguajar invejável. Tão brilhante a ponto de oprimir qualquer um, inclusive seu próprio filho.
— É uma excelente profissão, devo dizer — continuou sem esperar resposta. Estava acostumado com aquele monólogo — Um bom pagamento. É o que gosta, não é? Biologia sempre foi uma excelente nota em seu boletim.
Sam novamente não retrucou. Estava ocupado demais pensando em respostas que poderia dar. “Na verdade eu quero ser músico, pai. Já ouviu minha banda? Pois é, tenho certeza que vai gostar”.
Ficava só na mente. Não conseguia acabar com a felicidade notável que seu pai tinha ao falar do futuro de Sam. Tudo o que Jake fazia era reconstruir todos os seus passos mentalmente, mas tendo como personagem principal o seu filho.
— Já até comprei um consultório para você no centro da cidade. Quando quiser ver é só me falar, mas no momento está alugado.
O garoto apenas pegou o copo de água e o bebeu enquanto tentava descobrir se o objetivo do ato era o de se acalmar ou o de se ocupar para não responder. Era bem provável que fossem ambos.