Ele colocou os sonhos na mochila, para que assim pudesse carregá-los
para onde quer que fosse. Deixou amigos para trás, amores finalizados, uma mãe
preocupada e diversos objetos pessoais sem importância. Levou apenas os ideais,
algumas mudas de roupa, uma caneta e um papel. Queria escrever tudo o que pudesse
sobre o mundo. Amava fotografia, literatura e pintura.
Calçava um all star surrado, com meias desencontradas,
porque não gostava de perder tempo fazendo pares após lavá-las. Era jovem e
impetuoso. Tinha uma estrada à sua frente, e o desconhecimento do final não lhe
causava medo. Respirou o ar, para que assim pudesse guardar o oxigênio de suas
origens. Queria levá-lo em uma caixinha em caso de emergência. Não tinha como.
Mas isso não o parou. Colocou os óculos escuros e foi.
A areia do Rio de Janeiro pegava carona em sua calça
preta, o sol contribuía para que gotinhas de suor brotassem de sua testa e as
ondas ficavam mais fortes para servir de trilha sonora. O garoto fechou os
olhos, fez uma nota mental e quis escrever. Mas não parou. Só pensou. Era um
poeta de mente e espirito e por mais que quisesse criar mais uma obra, tinha um
caminho a seguir.
As despedidas não lhe causaram dor no coração, ao
contrário do que muitos pensavam que aconteceria. Aceitou o abandono de bom grado.
Levou um pedaço de cada um, porque todos ajudaram a construir o que ele era
naquele momento. Acumularia areias na roupa, assim como colecionaria
experiências.
Foi e não voltou mais. Porque a estrada não tinha mão
dupla. Ia em uma só única direção. Essa estrada era chamada vida e só não se
congestionava, porque era larga, do tamanho de uma constelação.
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