27 de agosto de 2010

O garoto

Confesso que estou sem qualquer habilidade nesses dias. Escrevi esse conto apenas para sair do sedentarismo das palavras. Espero que gostem, mas se não gostarem, entendo perfeitamente o porquê. Pretendo voltar à ativa quando tudo aqui na escola se acalmar. Até o próximo texto.

Na realidade, ele nunca gostou de falar. Ficava quieto no canto da sala de aula e só soltava respostas breves e sem qualquer aprofundamento. A possibilidade de diálogo era nula e isso acontecia até mesmo quando se tratava de sua família.
- Como anda a escola?
- Boa.
- Tem muitos amigos?
- Tenho sim.
A resposta era dada apenas para anular qualquer outro tipo de pergunta. Não tinha amigos e apesar de não falar muito, conseguia saber da inexistência dos mesmos. Afinal, a falta de palavras não era sinal algum para qualquer tipo de retardamento.
Era muito inteligente, isso era. Nos trabalhos em grupo sempre conseguia uma equipe mais rápido que qualquer outro. As pessoas disputavam para fazer dupla com o rapaz. Ele, por sua vez, não parecia importar-se com a atitude interesseira de todos. Mas uma coisa exigia: paz. Não gostava que qualquer um interferisse em seus afazeres e devido a isso fazia tudo sozinho. Se gostassem bem, mas se não gostassem que trocassem de grupo.
Ninguém conseguia entendê-lo. De início os pais tentaram ajudar, mas o garoto, esperto como era, insistiu que tudo estava bem. Os professores também tentaram, mas novamente acabaram por concluir que o garoto não precisava de ajuda.
Se olharmos pelo lado da sociedade, o garoto precisava de muita ajuda. Mas se olhássemos para os pensamentos do garoto em si, tudo estava bem.
Na realidade, o garoto possuía seu próprio mundo particular. Um mundo em que só ele era convidado a entrar.

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