13 de janeiro de 2010

Barquinho de papel

Ele tinha a mania de observar, um ato há muito esquecido por muitos. As pessoas normalmente passavam reto por coisas que mereciam mais do que apenas um olhar de relance.. Era a beleza do mundo, oras. Algo que já não era mais notado, que não recebia mais tanta atenção.


Greg focava sua mente em um pequeno barco de papel descendo enxurrada abaixo com a velocidade provocada pela chuva forte que parecia não querer parar de cair. O objeto já estava praticamente destruído, mas ainda assim era possível ver que era um barquinho de papel e que no mesmo havia desenhos infantis.


Greg concluiu que o barquinho havia sido feito por uma criança. Tal conclusão seria óbvia para alguns, mas o jovem não conseguia julgar algo sem se basear em certezas. E sua certeza estava naquele desenho. Tinha a inocência de uma criança, a mesma inocência que tanto admirava e que tinha vontade de roubar.


Ah, a inocência... Como havia perdido aquilo? Crescimento, talvez fosse essa a explicação. Daria tudo para que pudesse voltar a não saber nada e ser feliz com o conhecimento escasso. O saber trazia a realidade e esta trazia o sofrimento, a guerra e tantas coisas mais. Algumas até boas, mas se colocássemos na balança as boas e ruins, com toda certeza seriam as ruins a prevalecer.


E o barquinho pouco a pouco se foi desmanchando assim como a inocência se desmanchava e tornava-se algo não tão bom. Fazer o que, fazer o que... O mundo tem dessas coisas, afinal.

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